Quem
já teve o prazer de "escolher" feijão ou, pelo menos, viu alguém a desempenhar
tal tarefa, pode entender aonde eu quero chegar. É uma terapia e tanto, é
instrutivo, além de ser necessário, claro.
Cada
um tem sua forma de fazê-lo. Geralmente colocam-se os grãos sobre uma
superfície plana, uma mesa, talvez, e vai puxando aos poucos. Aqueles que não
prestam, de forma alguma - os podres, os corroídos, as pedras e afins - são
separados num monte à parte para serem descartados. A vasilha, a gente deixa no
colo para, quando escolhidos, serem nela depositados.
Dentre
os que ficam, há alguns que nos dão a impressão de inutilidade por serem
diferentes quanto à cor, tamanho, fragilidade e até mesmo pela aparência enrugada.
Mas são bons. Farão a mesma função que todos. São feijões!
Tais
quais são as nossas escolhas. É preciso separar aquilo que não presta, que pode
nos fazer mal ou até mesmo tornar-se pedra no caminho. Mas muitos confundem: afastam-se
do que é diferente, pelo simples fato de não possuírem as mesmas “medidas”
consideradas normais por grande parte. Esquecem que não somos feitos a partir
de um único molde, e que muitas circunstâncias podem trazer consigo detalhes
que farão com que as diferenças germinem, e assim, cada vez mais, o que possuía
uma forma única apresenta-se com diferentes rostos, tamanhos e cores e tantas
outras.
Isto
não é ruim. É enriquecedor e nos ajuda a abrir os olhos para os mais diversos
horizontes, afinal, somos seres dinâmicos, não formatados. A beleza da vida
está em abrirmo-nos às possibilidades, nunca em nos fechar dentro de um casulo
e não querer enxergar que a transformação pode acontecer com o nascer das asas.
Separemos
os feijões. À parte ficarão os que não prestam, não por suas alterações, mas
porque já estão podres ou são simplesmente detritos. Mas aqueles que têm
características diferentes, deixemos. São feijões e não deixam de sê-los. O tempero
e o acompanhamento é que darão o toque final. E... no momento certo (ou não), todos irão para a mesma vasilha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário