quinta-feira, 27 de abril de 2017

Talvez...

Talvez ele deveria ter esperado, em algumas situações, para experimentar o quanto vale a paciência.
Talvez se ele tivesse aproveitado um pouco mais a companhia de algumas pessoas tão significativas em sua vida, numa simples conversa que pudesse ter durado mais tempo; naquele singelo partilhar de um pedaço de bolo preparado com tanto carinho para recebê-lo; num desses encontros para jogo de cartas ou roda de músicas embaladas pelo toque de um violão; naquele esperar do ônibus enquanto não acontecia a despedida tão dolorosa, ou na chegada, quando o aguardava tão carinhosamente e de forma ansiosa, pois o bom do momento era poder ouvir a voz e olhar nos olhos um do outro. Quem sabe assim ele teria se alimentado de maneira a satisfazer​-se da companhia e do afeto, diante de pequenos atos que se tornariam grandes, memoráveis, agora transformados em saudade...
Talvez tenha faltado olhar para outras pessoas. Quem sabe tivessem tanto para partilhar quanto aquelas a quem ele deu mais atenção. Dessa forma teria aprendido a arte do olhar além, do acolher aquele que, para ele, parecia diferente.
Talvez ele deveria ter trocado aquele presente que custara tão caro, pelo demorar de um abraço que exigiria dele somente a proximidade... 
Talvez ele seria mais coerente consigo e com os outros, se tivesse guardado, num lugar bem protegido, aquelas cartas que eram tão preciosas, mas que, por não ouvir seu coração, destruiu. Pode ser que tenha perdido a oportunidade de aprender o quanto é valioso relembrar e contemplar aqueles papéis, aquelas letras com particularidades e que, um dia, o deixaram ansioso ou surpreso ao receber.
Talvez... quem sabe... mas o que conta é poder, em tempo, perceber o lado da vida que significa muito.
Talvez... 

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