quinta-feira, 27 de abril de 2017

Talvez...

Talvez ele deveria ter esperado, em algumas situações, para experimentar o quanto vale a paciência.
Talvez se ele tivesse aproveitado um pouco mais a companhia de algumas pessoas tão significativas em sua vida, numa simples conversa que pudesse ter durado mais tempo; naquele singelo partilhar de um pedaço de bolo preparado com tanto carinho para recebê-lo; num desses encontros para jogo de cartas ou roda de músicas embaladas pelo toque de um violão; naquele esperar do ônibus enquanto não acontecia a despedida tão dolorosa, ou na chegada, quando o aguardava tão carinhosamente e de forma ansiosa, pois o bom do momento era poder ouvir a voz e olhar nos olhos um do outro. Quem sabe assim ele teria se alimentado de maneira a satisfazer​-se da companhia e do afeto, diante de pequenos atos que se tornariam grandes, memoráveis, agora transformados em saudade...
Talvez tenha faltado olhar para outras pessoas. Quem sabe tivessem tanto para partilhar quanto aquelas a quem ele deu mais atenção. Dessa forma teria aprendido a arte do olhar além, do acolher aquele que, para ele, parecia diferente.
Talvez ele deveria ter trocado aquele presente que custara tão caro, pelo demorar de um abraço que exigiria dele somente a proximidade... 
Talvez ele seria mais coerente consigo e com os outros, se tivesse guardado, num lugar bem protegido, aquelas cartas que eram tão preciosas, mas que, por não ouvir seu coração, destruiu. Pode ser que tenha perdido a oportunidade de aprender o quanto é valioso relembrar e contemplar aqueles papéis, aquelas letras com particularidades e que, um dia, o deixaram ansioso ou surpreso ao receber.
Talvez... quem sabe... mas o que conta é poder, em tempo, perceber o lado da vida que significa muito.
Talvez... 

sábado, 22 de abril de 2017

Proponho a você...

Há algum tempo as redes sociais vêm sendo bombardeadas dos tais “desafios”. E, diga-se de passagem, há para os mais diversos gostos.
Entretanto a situação está ficando tão chata e perigosa, que a vida também está em jogo. Aliás, a brincadeira ganhou um destaque que não é seu, afinal, estamos falando de “vida” e nada é mais precioso.
Não quero, aqui, discorrer sobre os tais provocações, sejam essas narcisistas ou mortais.
Gostaria de fazer, não um desafio, pois este termo pode gerar competição, e quando lidamos com pessoas, competir não fala mais alto que o afeto, o altruísmo, a parceria...
Proponho visitas, encontros, leituras, abraços, conversas, enfim, tudo aquilo que nos distancia das máquinas e de quaisquer meios tecnológicos.
Vá a uma festa, mas proponho não postar qualquer foto que seja em redes sociais; proponho marcar com os amigos uma visita a alguém que necessite, ou que você mesmo seja visitado, mas que não publique nada a respeito, apenas conviva e sinta como é bom aquilo que nos aproxima dos outros.
E te proponho também: olhe o mundo, abra um livro, prepare um café, arrume a sua cama e sinta o prazer de fazer as pequenas coisas observando os mínimos detalhes, pois esses é que nos tornam grandes e autênticos.
Não é necessário deixar as redes sociais. Basta permitir elas não se tornem o melhor de sua vida. Há pessoas e lugares precisando de você, e vice versa...